Mortes com motos disparam no Brasil

Em um cenário alarmante, país registra alta de 12,5% nos óbitos com motociclistas; especialistas apontam causas e soluções urgentes.

O Brasil voltou a acender o alerta no trânsito. Dados recentes divulgados pelo Ministério da Saúde revelam um aumento de 12,5% nas mortes por acidentes com motocicletas em 2024, em comparação com o ano anterior. Com mais de 13 mil vidas perdidas, o número representa não apenas uma estatística, mas histórias interrompidas, famílias destruídas e um sistema de mobilidade urbana que pede socorro. Por que tantos motociclistas estão morrendo? E o que pode ser feito para reverter esse quadro? Este artigo mergulha nos números, nos contextos e nos rostos por trás dessa tragédia silenciosa que cresce nas vias do país.

O Avanço das Mortes por Motocicleta Preocupa Autoridades

Segundo dados oficiais do Ministério da Saúde, o Brasil registrou em 2024 um total de 13.384 mortes por acidentes envolvendo motocicletas, o maior número em uma década. Esse número representa um aumento de 12,5% em relação ao ano anterior, quando foram contabilizadas 11.898 vítimas fatais.

O levantamento, divulgado pela Agência Brasil com base em registros do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), mostra que, entre todos os tipos de veículos, as motocicletas lideram o ranking de mortalidade no trânsito.

O fenômeno ocorre em um momento de forte crescimento no uso de motos como principal meio de transporte urbano, impulsionado principalmente por fatores econômicos, como o alto custo dos combustíveis e a precarização do trabalho formal.

Perfil das Vítimas: Jovens, Homens e Trabalhadores de Aplicativos

A maior parte das vítimas fatais está concentrada entre homens jovens, de 20 a 39 anos, muitos dos quais trabalham com entregas por aplicativos. Essa faixa etária corresponde a mais de 60% dos óbitos registrados.

Esse perfil é reflexo direto das transformações do mercado de trabalho nos últimos anos. Com o crescimento do setor de entregas e serviços, muitos brasileiros viram nas motos uma forma de garantir renda — mas sem o respaldo adequado de segurança e proteção social.

“São jovens que saem para trabalhar e não voltam para casa. E o pior: estão muitas vezes sem registro formal, sem seguro, sem capacitação. É uma tragédia anunciada”, alerta o sociólogo Leonardo Prado, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).

Fatores que Contribuem para a Alta Mortalidade

Diversos fatores estão diretamente relacionados ao aumento das mortes em acidentes com motos. Entre os principais, destacam-se:

  • Falta de infraestrutura viária adequada para motociclistas
  • Excesso de velocidade e imprudência
  • Falta de fiscalização eficiente
  • Uso insuficiente de equipamentos de segurança, como capacetes certificados
  • Fadiga por longas jornadas de trabalho de entregadores
  • Formação precária e ausência de educação para o trânsito

Além disso, a urbanização desordenada e a falta de políticas públicas voltadas ao transporte seguro sobre duas rodas intensificam o risco nas ruas e estradas brasileiras.

Regiões com os Maiores Índices de Mortalidade

A região Nordeste lidera em números absolutos de mortes com motocicletas, especialmente em estados como Bahia, Pernambuco e Maranhão. Já a região Norte apresenta as maiores taxas proporcionais, considerando a população local.

Região Mortes em 2024 Crescimento %
Nordeste 4.800 +13,2%
Sudeste 3.100 +11,4%
Norte 1.780 +15,6%
Sul 2.020 +9,7%
Centro-Oeste 1.684 +12,9%

Fonte: Ministério da Saúde – Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM)

Especialistas Cobram Ações Urgentes

A urgência do cenário levou especialistas em saúde pública, trânsito e urbanismo a cobrarem medidas estruturais e imediatas.

O engenheiro de tráfego Carlos Mendonça, do Observatório Nacional de Segurança Viária, defende a criação de zonas seguras para motociclistas em grandes centros urbanos. Segundo ele, o Brasil ainda trata a moto como “um transporte informal”:

“Enquanto não houver infraestrutura exclusiva para motos, como faixas preferenciais e áreas de escape, estaremos lidando com estatísticas trágicas”, argumenta.

Além disso, profissionais da saúde cobram maior investimento em educação para o trânsito desde o ensino fundamental, bem como campanhas de prevenção contínuas, não apenas pontuais.

O Papel das Empresas de Entrega por Aplicativo

Outro ponto sensível do debate gira em torno das plataformas de entrega, como iFood, Rappi e outras. Milhares de motociclistas trabalham para essas empresas, muitas vezes sob pressão de tempo e remuneração variável.

Entregadores relatam que são incentivados a cumprir prazos apertados e a manter ritmo elevado, o que frequentemente resulta em comportamentos de risco no trânsito, como avanço de sinais e manobras perigosas.

Apesar disso, a maioria dessas plataformas ainda não oferece seguro obrigatório, cursos de capacitação ou benefícios trabalhistas, o que agrava o problema da vulnerabilidade dos condutores.

Famílias Desamparadas e o Custo Invisível da Tragédia

Além da tragédia humana, as mortes em acidentes com motos também geram um impacto econômico significativo para o Estado. Segundo estimativas do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), cada morte no trânsito custa, em média, R$ 1,2 milhão aos cofres públicos — somando gastos com saúde, previdência, perdas de produtividade e custos judiciais.

Mas o peso maior é emocional. A técnica de enfermagem Rosângela Silva, de Recife, perdeu o filho de 22 anos em um acidente a caminho de uma entrega.

“Era um menino trabalhador, queria juntar dinheiro para abrir o próprio negócio. Um buraco mal sinalizado e um motorista apressado tiraram a vida dele. E ninguém responde por isso”, relata, emocionada.

Soluções e Caminhos Possíveis para Reduzir os Números

Especialistas sugerem uma combinação de medidas para frear o crescimento das mortes com motos:

  1. Criação de faixas exclusivas para motocicletas em vias urbanas
  2. Maior fiscalização com uso de tecnologias como radares móveis e câmeras inteligentes
  3. Investimento em campanhas educativas de longo prazo
  4. Oferecimento de capacitação gratuita para motociclistas de aplicativo
  5. Revisão da legislação trabalhista das plataformas de entrega
  6. Subsídios para compra de equipamentos de segurança de qualidade

Reflexão Final e Convite à Consciência Coletiva

Os números falam por si, mas são as vidas por trás deles que mais importam. Em cada moto acidentada, há um projeto de vida interrompido. Enquanto o Brasil não olhar para o motociclista como um protagonista da mobilidade urbana — e não apenas como estatística — seguiremos colecionando tragédias evitáveis.

A mudança começa no planejamento urbano, na política pública e também no comportamento de cada um de nós. Afinal, o trânsito é um espaço coletivo — e todos têm responsabilidade.

📢 E você? Já parou para refletir sobre como se comporta no trânsito? Como podemos cobrar mais segurança e respeito para quem está sobre duas rodas? Deixe seu comentário e participe dessa discussão tão urgente quanto necessária.

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