Luís Eduardo Magalhães sedia evento histórico da pré-COP30 focado no Bioma Cerrado

Cidade baiana recebe o Cerrado Summit, único evento nacional da pré-COP30 realizado fora de uma capital e com foco exclusivo no Cerrado

Poucas vezes um município do interior brasileiro teve tanto protagonismo em uma pauta ambiental de escala global. Nos dias 15 e 16 de abril, a cidade de Luís Eduardo Magalhães, localizada no oeste da Bahia, será o epicentro de discussões estratégicas sobre o futuro do Bioma Cerrado, um dos ecossistemas mais ricos e ameaçados do planeta.

O Cerrado Summit, evento oficial da pré-COP30, é uma iniciativa inédita por acontecer fora de uma capital brasileira e com foco exclusivo no Cerrado. A realização será no auditório da Associação de Agricultores e Irrigantes da Bahia (Aiba), dentro do Complexo Bahia Farm Show — um dos maiores centros de inovação agrícola do país.

O encontro é organizado em parceria com a Associação Baiana dos Produtores de Algodão (Abapa) e marca um passo decisivo na transição para uma agricultura regenerativa, sustentável e conectada às exigências ambientais e climáticas do século XXI.

Luís Eduardo Magalhães no centro das decisões globais

A escolha da cidade para sediar o evento foi estratégica. Como bem destacou Moisés Schmidt, presidente da Aiba:

“Não se discute o futuro do Bioma Cerrado fora de onde ele efetivamente está. […] Queremos mostrar ao mundo que o agronegócio praticado nesta região é comprometido com a sustentabilidade.”

A fala reflete a responsabilidade assumida pelos produtores locais, que veem na agricultura regenerativa uma resposta às crescentes pressões internacionais e ambientais. O Cerrado, considerado o “berço das águas” do Brasil, é vital para os grandes rios do país e o equilíbrio climático.

Presenças de peso e agenda estratégica

O Cerrado Summit contará com uma constelação de autoridades e especialistas. A cerimônia de abertura no dia 15 de abril terá a presença do Ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, além de nomes como:

  • Jerônimo Rodrigues, governador da Bahia
  • Pablo Barrozo, secretário de Agricultura da Bahia
  • Pedro Alves Corrêa Neto, secretário de Inovação e Desenvolvimento Sustentável do MAPA
  • Júnior Marabá, prefeito de Luís Eduardo Magalhães
  • Otoniel Teixeira, prefeito de Barreiras
  • Alessandra Zanotto Costa, presidente da Abapa
  • CEOs de multinacionais do setor de alimentos, bebidas e insumos agrícolas

A imprensa poderá acompanhar exclusivamente a abertura, que incluirá falas institucionais e vídeos sobre os desafios do Bioma Cerrado e as soluções práticas propostas para o futuro.

Cerrado Summit: um marco para a agricultura regenerativa

A agenda técnica do evento é estruturada em grupos de trabalho e reuniões fechadas, e será o primeiro Acelerador de Paisagens promovido pela Aliança para Ação Regenerativa nas Paisagens (AARL). O objetivo é construir um plano de ação concreto até a COP30, que acontecerá em Belém, no Pará, no segundo semestre.

O encontro tem três grandes pilares:

  1. Financiamento da transição para práticas agrícolas sustentáveis
  2. Métricas de monitoramento e avaliação (MMRV) de impactos ambientais
  3. Políticas públicas voltadas especificamente ao Cerrado

Por que o Cerrado importa tanto para o Brasil e o mundo?

O Bioma Cerrado é o segundo maior do Brasil, ocupando cerca de 24% do território nacional. Apesar disso, é um dos ecossistemas menos protegidos e mais ameaçados pela expansão agropecuária desordenada.

Ele abriga:

  • Mais de 12 mil espécies de plantas
  • 251 espécies de mamíferos
  • 850 espécies de aves
  • Diversos aquíferos e nascentes que alimentam grandes bacias hidrográficas

A degradação do Cerrado representa uma ameaça à segurança hídrica do país, ao equilíbrio climático regional e à preservação da biodiversidade. Por isso, discutir o futuro desse bioma é essencial não apenas para o Brasil, mas para o planeta.

Agricultura regenerativa: de conceito à prática no Cerrado

O evento reforça a tendência crescente da agricultura regenerativa, uma abordagem que vai além da sustentabilidade: ela busca restaurar os solos, preservar os recursos naturais e aumentar a biodiversidade ao mesmo tempo em que gera renda e produtividade.

Na prática, isso significa:

  • Rotação de culturas
  • Plantio direto
  • Uso de bioinsumos
  • Integração lavoura-pecuária-floresta
  • Conservação de matas ciliares e nascentes

Em Luís Eduardo Magalhães, diversas fazendas-modelo já aplicam essas técnicas com sucesso, e a cidade é considerada um centro de excelência agrícola, especialmente na produção de algodão, soja e milho.

Alianças globais e compromisso local

O Cerrado Summit representa a convergência entre atores locais e internacionais em torno de um objetivo comum: transformar o Bioma Cerrado em uma referência mundial de equilíbrio entre produção e preservação.

A presença de CEOs de empresas multinacionais reforça que as cadeias de suprimento globais estão exigindo práticas mais responsáveis, e o evento serve como uma vitrine para mostrar que o agronegócio brasileiro pode — e deve — ser parte da solução.

Além disso, o encontro vai contribuir para a construção de compromissos multilaterais na COP30, e pode influenciar diretamente o conteúdo de tratados e acordos internacionais sobre o clima.

O Cerrado como protagonista de um novo futuro

O Cerrado Summit, ao escolher Luís Eduardo Magalhães como sede, envia ao Brasil e ao mundo uma mensagem clara: é possível conciliar produção agrícola de larga escala com a conservação ambiental. O evento também evidencia que o interior do Brasil não é apenas território de execução, mas de decisão e protagonismo.

Com uma programação técnica robusta e um ambiente propício à inovação, o evento tem tudo para marcar um antes e depois na forma como o Brasil e o mundo olham para o Bioma Cerrado.

Essa transformação só será possível por meio de compromissos firmes entre governo, produtores e iniciativa privada, apoiados por políticas públicas eficazes e sistemas de monitoramento rigorosos. A meta não é apenas preservar o que ainda resta do Cerrado, mas regenerar o que foi degradado e garantir um futuro equilibrado para as próximas gerações.

A agricultura regenerativa aparece como um caminho viável e necessário, e o Cerrado Summit surge como a arena onde esse caminho começa a ser pavimentado. Mais do que um evento, trata-se de uma declaração de intenções — e, se bem-sucedido, de um plano de ação com alcance global.

O que está em jogo não é apenas o futuro de um bioma, mas de um modelo de desenvolvimento agrícola que precisa, urgentemente, se reconectar com a terra, com a ciência e com a vida.

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