Jerônimo avança no interior, a oposição perde apoio e não apresenta nomes competitivos para 2026.
Prefeito Zé Cocá pode retornar ao grupo petista. ACM Neto vê base ruir, enquanto Jerônimo cresce e atrai antigos aliados da oposição.

Durante uma agenda de entregas em Jequié, o senador Jaques Wagner (PT) fez um gesto público que acendeu o alerta na oposição baiana. Wagner convidou, de forma direta e cordial, o prefeito Zé Cocá, do Progressistas, a retornar à base do governo estadual. O evento marcou a inauguração do Colégio Estadual de Tempo Integral Luiz Navarro de Brito e do Condomínio Jequiezinho, obras importantes para a região.
As portas estão sempre abertas”, disse Wagner, ressaltando a longa história de alianças com o prefeito de Jequié.
Com isso, Zé Cocá, uma das lideranças mais fortes do sudoeste baiano, pode estar prestes a virar mais uma peça-chave no tabuleiro do governador Jerônimo Rodrigues (PT), que vem, discretamente, conquistando espaço entre ex-aliados de ACM Neto.
ACM Neto perde enquanto Jerônimo avança
As dificuldades de ACM Neto (União Brasil) para montar uma chapa competitiva para as eleições de 2026. A cada semana, a oposição parece mais frágil. Enquanto Neto prefere os bastidores e as críticas sem propostas, o governador Jerônimo percorre o interior com obras, discursos serenos e apoios cada vez mais sólidos.
Zé Cocá é apenas a ponta do iceberg. Diversos prefeitos e lideranças do interior têm sinalizado afinidade com o governo petista. O ex-governador César Borges, que durante décadas esteve ligado ao grupo de Antônio Carlos Magalhães, também fez elogios públicos a Jerônimo, o descrevendo como um homem de diálogo, afável e acessível.
César Borges surpreende oposição com apoio indireto
Num encontro com mais de 100 empresários em Jequié, cidade natal de Borges, o ex-governador lançou elogios generosos a Jerônimo Rodrigues. Disse que é difícil encontrar um gestor tão
cortês, amigo, aberto e de conversa fraterna
como ele. A fala, por si só, já deixaria a oposição baiana em posição desconfortável. Mas, vindo de uma figura que já simbolizou o carlismo na Bahia, o impacto foi ainda maior.
O gesto foi interpretado como mais um sinal de que o governo estadual tem conseguido ocupar espaços que antes eram inalcançáveis para o PT.
Feira de Santana também pode mudar de lado
Outro nome em potencial para a virada de chave é o do prefeito de Feira de Santana, Zé Ronaldo de Carvalho (UB). Histórico opositor do PT, ele tem sido alvo de conversas com a cúpula do governo estadual. Rumores indicam uma possível migração para o PSD, partido do senador Otto Alencar, aliado de primeira hora do governador.
Se essa articulação se concretizar, seria uma virada simbólica para o PT, que já se fortaleceu em cidades importantes e poderia firmar presença também em Feira.
A oposição está sem rumo e sem nome
Enquanto o grupo do governo avança com planejamento e alianças, a oposição patina sem nome certo nem discurso coeso. Alguns apostam que o senador Ângelo Coronel (PSD) poderia romper com o PT e migrar para o grupo de Neto. Mas, até agora, isso é apenas especulação.
Sem nomes definidos para o Senado, sem candidatura robusta ao governo, e vendo antigos aliados se aproximarem de Jerônimo Rodrigues, a oposição começa a lembrar um barco à deriva.
Jerônimo aposta no passo de formiga, mas com estratégia de gigante
O governador não está correndo — está caminhando com firmeza. Em vez de fogos de artifício, aposta em acenos silenciosos. A lógica é simples: “quem semeia devagar, colhe maduro.” Com isso, vai juntando prefeitos, ex-senadores, empresários e comunidades inteiras.
Esse estilo discreto pode não gerar manchetes todos os dias, mas produz algo ainda mais valioso: fidelidade política. Quando a campanha de 2026 bater à porta, Jerônimo poderá contar com uma rede consolidada, sólida e leal.
Quem vai apagar o último refletor da oposição baiana?
O relógio político ainda tem tempo, mas o ritmo das movimentações já preocupa os opositores. Enquanto Jerônimo escreve seu projeto de reeleição com calma e estratégia, a oposição segue tentando descobrir em qual página ficou o marcador.
A movimentação de Zé Cocá, os elogios de César Borges e os rumores sobre Zé Ronaldo desenham um novo cenário. O grupo que levou ACM Neto ao segundo turno em 2022 está agora fragmentado, desnorteado, e cada vez mais distante do protagonismo.
Ninguém vence eleição com antecedência, é verdade. Mas também ninguém sobrevive politicamente parado no tempo, esperando a banda passar.
Enquanto Jerônimo canta sua música no ritmo do interior, Neto parece ter perdido a batida.
E no fim dessa dança política, talvez reste à oposição apenas a pergunta que ecoava nas brincadeiras de infância, agora em versão adaptada:
“Quem ficar sozinho apaga a luz e fecha o comitê.”